FALA
ESPLANADA Jandir Santin
A VIOLÊNCIA ASSUSTA
Não é de hoje que
a violência constitui um dos temas das
rodas, diálogos e da imprensa de Chapecó. Após cada assassinato ou latrocínio,
faz-se uma campanha e a polícia especializada é trazida ao município para uma
intervenção especial. Com isso, a população parece se acalmar e acontece uma
trégua do crime organizado, Mas, logo a situação volta ‘ao normal’, ou seja,
continuam os crimes que apavoram nosso povo. A divulgação dos crimes através de
todo tipo de mídia ajuda a criar a sensação da presença onipresente da
violência. A insegurança produz o medo, a ansiedade e a sensação de que a
violência pode nos atingir a qualquer momento. Na prática, a gente sabe que não
é bem assim e que a maioria das pessoas continua vivendo sua vida sem nunca ser
atingido pessoalmente. Mas os moradores das regiões mais atingidas convivem com
os comentários a respeito dos crimes, com a insegurança e buscam saídas. Muitas
vezes, a saída está na mudança para a cidade. Com isso, o campo vai se
esvaziando, a agricultura familiar minguando e as cidades inchando. E a
qualidade de vida, que vinha melhorando no interior, passa a ser um pesadelo
para os agricultores e um sonho da classe média urbana.
Alguns ganham com a violência!
Embora pareça
difícil acreditar, temos que admitir a existência dos que ganham com a
violência: estamos num sistema em que tudo é mercadoria. A violência também é
mercadoria que rende para uma parte da sociedade: os que vendem armas, os que
são encarregados da segurança, agentes da justiça e os interessados na compra das terras dos que querem abandoná-las
por causa da violência. Em São Paulo, por exemplo, muitos incêndios em favelas
são provocados por imobiliárias que desejam ocupar os terrenos para construir
edifícios e condomínios. Em Chapecó, há pessoas com posses querendo comprar
terras baratas no interior. E um modo de barateá-las é suscitar um clima de
insegurança entre os atuais proprietários para que eles as vendam por baixos
preços. Aí está outro setor que lucra com a violência. Basta acompanhar o
movimento de compra de diversas áreas por um mesmo proprietário ou empresa:
tais áreas vão sendo negociadas por preços bem abaixo do mercado. Um dos
truques para a desvalorização das mesmas pode ser a insegurança, fruto da
violência! É um absurdo que a humanidade chegue ao ponto de recorrer a métodos
tão vergonhosos para conseguir aumentar
o patrimônio pessoal!
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